Tempo, um inimigo implacável

O Tempo é um inimigo implacável, inevitavelmente nossos cabelos ficarão brancos, a pele enrugará, o físico provavelmente não será mais aquele de tempos atrás e o que realmente ficará estará em nossa mente, e poderemos ficar como o leite perecível, que com o tempo fica cada vez mais azedo, ou como o vinho, que se cuidadosamente manipulado e acondicionado é apreciado e tem uma duração maior.

Temos que nos adaptar a cada etapa de nossa vida, sem que ela pare, lembrando dos tempos bons que se passaram. Transformações sempre acontecerão, a vida é dinâmica e devemos equilibrar essa balança, adicionando os novos valores recebidos e abandonando outros que já não nos interessam mais.

Talvez a vida esteja um pouco diferente do que você tenha imaginado, talvez passe a vida toda procurando por algo que nunca vá encontrar, mas o que de certo enfrentamos, são uma sequencia de momentos que hora serão favoráveis a nós, que hora serão conturbados e de difícil entendimento, mas sempre somarão para a formação de nossa obra, e nunca esquecendo que sempre temos o comando de nossas ações através do livre arbítrio que nos foi dado.

Às vezes nos sentimos realizados, às vezes achamos que ainda falta muita coisa para ser feita, para assinarmos o livro de presença nessa nossa breve passagem, mas pouco importa se nossas conquistas foram percebidas pelos outros, o que importa mesmo é que elas estejam dentro de nós, como parte positiva do resultado de nossa autocrítica, da nossa história.

A capacidade para a vitória se encontra disponível em cada um de nós, mas é o equilíbrio e a convicção que determina e seleciona os vitoriosos, aqueles que continuadamente vão se ajustando sem perder o foco e os objetivos.

Vale então a sabedoria de poucos que mesmo não conseguindo o exato desejo, procuram ampliar o horizonte que os cercam, criando outros objetivos que sempre serão complementares e de auxílio para nossas conquistas.

Ser feliz é viver intensamente, dia após dia, administrando bem nosso tempo, auxiliando quem necessita, mesmo que seja apenas com um sorriso amigo, um abraço apertado, uma visita inesperada, coisas bem simples, mas que fazem toda a diferença.

Jorginho Guinle, socialite, playboy e herdeiro milionário (05-02-1916 a 05-03-2004) passou quase toda a vida gastando sua fortuna, equivalente a algumas centenas de milhares de dólares. Dez anos antes da sua morte, o dinheiro acabou. Um pouco antes da sua morte, alguém perguntou: Valeu a pena ? E ele respondeu com seus oitenta e oito anos de vida, que faria tudo de novo, pois o único erro dele foi o de imaginar que viveria só até os setenta anos.

Não passe uma vida inteira querendo construir o que Jorginho gastou – Jorginho nesse caso retratado por várias pessoas e amigos que possamos conhecer. Não chore por aquilo que você não tem, seja uma casa, um carro ou qualquer outra coisa, agradeça a Deus todos os dias pelo que você tem e pelas bênçãos que recebe dele.

A vida é muito mais simples do que parece. Quantas vezes os mínimos detalhes da vida nos passam despercebidos.

Diga sinceramente, qual foi a última vez que você se sentou em uma praça, observando os pássaros, sentindo as batidas de seu coração e sua respiração profunda. Qual foi a última vez que você assistiu a um concerto de uma banda ou orquestra e deixou a música entrar intimamente em seu corpo. Qual foi a última vez que passeou por um bosque de mãos dadas com seu amor ou simplesmente admirou as flores do jardim de sua casa.

Não passe uma vida inteira querendo construir o que os “Jorginhos” da vida gastam ou possuem, pode ser que o tempo despendido para tal propósito não valha a pena pelos bons momentos que você deixou de viver.

Curta a sua família, tome uma caipirinha com os pés na areia, tente sentir a velha sensação da brisa que vem do mar, sem relógio, sem celular, sem notebook, jogue conversa fora, sorria sem compromisso, pois no final apenas valerá a pena tudo o que foi vivido, o que foi bem vivido.

31 de julho de 2020  –  Wilson R. Pelinson  –  Vida Pessoal